Lançamento do Índice de Transparência da Moda Brasil 2021 do Fashion Revolution
Em meio à grandes debates sobre a crise climática no mundo, relatório brasileiro revela em que medida 50 das maiores marcas de moda do país divulgam publicamente suas políticas, práticas e resultados
O Fashion Revolution Brasil acaba de lançar a quarta edição do Índice de Transparência da Moda Brasil (ITMB). O relatório revela em que nível 50 grandes marcas e varejistas do mercado brasileiro estão divulgando publicamente dados sobre suas políticas, práticas e impactos sociais e ambientais ao longo de toda a cadeia de valor. A análise abarca mais de 200 indicadores que cobrem tópicos relacionados a respostas à COVID, práticas de compra, salário justo para viver, igualdade de gênero e racial, circularidade, clima e biodiversidade, entre outros.
Dentre as empresas pesquisadas, a pontuação média foi de 18%. As maiores pontuadoras foram: C&A (70%), Malwee (66%), Renner (57%), Youcom (57%) e Adidas (53%). A maior parte das marcas está concentrada na faixa de 0-10% e, entre elas, 17 zeraram a pontuação: Besni, Brooksfield, Caedu, Carmen Steffens, Cia. Marítima, Colcci, Di Santinni, Fórum, Kyly, Leader, Lojas Avenida, Lojas Pompéia, Marisol, Moleca, Nike, Sawary e TNG.
Mudança climática e a transparência
Globalmente, a indústria da moda deixa uma enorme pegada de carbono no planeta, se utilizando de matérias-primas de fonte não renováveis ou de monoculturas com alto uso de pesticidas, além de contaminar o solo e as águas com componentes químicos e gerar uma quantidade astronômica de resíduos ao longo da cadeia de produção até o fim da vida útil de uma peça.
Apesar deste cenário, das 50 marcas analisadas no ITMB 2021, apenas 22% publicam metas com base científica relacionadas ao clima e nenhuma publica um compromisso mensurável para o desmatamento zero; 20% publicam uma estratégia mensurável para a gestão de materiais sustentáveis e 14% divulgam a referência utilizada para definir matéria-prima sustentável. Além disso, 20% publicam a quantidade de fibras que usam anualmente e apenas 14% divulgam progresso na eliminação de químicos perigosos.
Covid e a indústria da moda
A pandemia da COVID-19 gerou um grande impacto na vida dos trabalhadores da cadeia produtiva da moda, especialmente para pessoas em situação de maior vulnerabilidade. O ITMB 2021 revela que apenas 20% das marcas analisadas divulgaram a quantidade de funcionários que tiveram redução de salários ou foram demitidos e apenas 4% a quantidade de trabalhadores da cadeia de fornecimento que tiveram salários atrasados ou contratos suspensos. O relatório revela ainda que 12% publicam a diferença salarial entre mulheres e homens dentro da empresa, e nenhuma publica as diferenças salariais de seus funcionários, sob a perspectiva racial.
É importante pontuar que transparência não significa sustentabilidade, mas uma importante ferramenta que joga luz ao longo de todas as etapas da cadeia de valor da indústria da moda – desde a extração da matéria-prima até o descarte. Somente trazendo à tona os desafios e problemas sociais e ambientais presentes nos bastidores da indústria, será possível agir de forma eficaz em prol dos direitos humanos e da natureza. Não há como responsabilizar empresas e governos se não pudermos ver o que realmente está acontecendo. E por isso transparência é tão importante. Baixe o ITMB 2021 e faça parte da revolução da moda!
Lançamento
O ITMB 2021 será lançado no dia 30 de novembro, às 11:00 hrs com transmissão ao vivo pelo YouTube do Fashion Revolution. Mais detalhes em breve.
Edições anteriores
Leia as edições de 2020, 2019 e 2018 e descubra mais!
O Índice de Transparência da Moda Brasil 2021 foi elaborado pelo Fashion Revolution CIC e Instituto Fashion Revolution Brasil, contou com o apoio financeiro da Laudes Foundation e do Sebrae, e da parceria técnica da ABC Associados, consultoria especializada em metodologias para análises do desempenho e perfil de empresas no campo da sustentabilidade empresarial.