Jurema Agrofloresta Têxtil
Educação, Plantio, e Pesquisa e Desenvolvimento de fibras e pigmentos vegetais são os serviços da startup de São Paulo
Qual a origem da startup, como surgiu?
A Jurema é composta por quatro sócias, Larissa Oliveira Duarte, Melina Pedrosa, Raíssa Leão e Valentina Vandeveld. Em 2016, Larissa (designer de moda) retornou da Guatemala, onde trabalhou como voluntária dando consultoria em processos sustentáveis na Maya Traditions Foundation.
Lá as artesãs produzem tecidos com técnicas e padrões locais usando tingimentos vegetais, tear de cintura e bordado. Na época, foi realizado um projeto onde elas cultivavam um jardim com suas próprias plantas tintoriais. A fundação também cultiva um grande jardim de plantas medicinais, onde fabricam e vendem chás. De volta ao Brasil, Larissa passou a dar consultorias de sustentabilidade para algumas marcas e o principal desafio encontrado era o acesso a tecidos de fibras vegetais que fossem produzidos de forma mais adequada considerando aspectos sociais e ambientais, ou seja, biodegradáveis e de fonte renovável. O próprio acesso ao algodão orgânico era complexo.
Ao mesmo tempo, em 2013, as nascentes e bacias de captação de água do sítio de sua família secaram, nessa época começaram suas buscas e pesquisa por técnicas e práticas de restaurar o local para voltarem as águas. Em 2017 conheceu a Agricultura Sintrópica de Ernst Gostch (que inclui o plantio de agroflorestas) e foi aí que a Larissa conectou tudo e entendeu que o que ela precisava era plantar AGROFLORESTA TÊXTEIS, com o objetivo de:
produzir fibras e pigmentos/corantes vegetais, para fabricar tecidos orgânicos que facilmente poderiam voltar ao solo como composto depois do uso.
Iniciou-se então a saga de experimentação de consórcios de espécies no sítio Caminho Verde, em Minas Gerais. Começou plantando algodão, urucum, açafrão, banana prata, cebola, abacateiro, jabuticabeira, etc… enquanto, ao mesmo tempo, realizava pesquisas sobre “Análise do network do algodão orgânico no Brasil” no grupo de pesquisa de fibras têxteis (Programa de Têxtil e Moda – EACH – Universidade de São Paulo, coordenado pela Profa. Dra. Júlia Baruque Ramos) para seu Mestrado, defendido no final de 2020, pela Universidade de São Paulo (USP).
Em 2020, Larissa convidou sua colega de curso de Design e amiga Raíssa Leão, que por sua vez trouxe Valentina e Melina, vindas da produção cultural, da moda e educação. Formou-se assim a Jurema, e juntas buscam expandir as práticas de pesquisa, desenvolvimento e aprendizado em relação à agrofloresta de materiais têxteis. O encontro de 4 mulheres multidisciplinares que atuam ativamente em causas socioambientais e culturais reforça o propósito da criação de uma empresa baseada na agricultura sintrópica para se criar ecossistemas saudáveis, autênticos, biodiversos e regenerativos.
Como a startup se relaciona com sustentabilidade?
Modelos agrícolas baseados na agricultura sintrópica têm o objetivo de regenerar áreas degradadas por meio de técnicas como: a cobertura de solo, os estratos, a consorciação de espécies que atuam de forma complementar no ecossistema e levam em consideração sua ecofisiologia e sua sucessão. Desta forma, a sustentabilidade encontra um outro termo, a resiliência. Ou seja, o cultivo e a relação de sistemas produtivos feitos para a restauração e a abundância, conectando o meio ambiente e as pessoas. E assim, surgem novas formas de co-criar e colaborar na construção de modelos de negócios mais coerentes. Fomentar o uso de materiais a base de plantas, no setor têxtil e confecção, é mais uma forma de apoiar também a biodiversidade, a indústria criativa e o desenvolvimento tecnológico; grandes potenciais para o Brasil. Além disso, aproximar o setor têxtil e a confecção/moda do setor agrícola é fundamental para compreender sistemas de produto e serviço mais integrados e eficientes. Um sistema de agrofloresta pode gerar múltiplos produtos, alimentos, fibras, pigmentos, madeira, plantas medicinais, etc. Cuidar, considerar, aproximar, compreender e se engajar com o meio ambiente é um importante meio para construir junto dele e, assim, poder mudar nossa percepção do explorar para o relacionar. Como diz Ernst, “a floresta não é um museu.” Ela é viva e dinâmica, para que possamos interagir de forma gentil e respeitosa.
Serviços B2B e B2C
A Jurema está organizada em 3 frentes:
- Educação;
- Plantios, são oferecidas consultorias on-line;
- Pesquisa e Desenvolvimento.
Na educação, são oferecidos cursos on-line e presenciais sobre Introdução à Agrofloresta Têxtil, incluindo tópicos como agricultura sintrópica e as fibras e pigmentos vegetais têxteis; artesanato e design; e arranjos produtivos locais. Nos plantios, oferecemos consultorias on-line para planejamento de agroflorestal têxtil e implantação in-loco de agrofloresta com foco têxtil. Já a frente de pesquisa e desenvolvimento consiste em projetos de inovação realizados em consórcios empresariais para criação de novos produtos, a partir do uso de SAFs – Sistemas Agroflorestais e materiais a base de vegetais. Ambos os serviços podem ser disponibilizados em propostas B2B e B2C.
Contato
Instagram: @jurema.eco