Tendências de moda e cartela de cores 2021
Palestra do Inspiramais no Minas Trend de outubro 2019 dá o tom do futuro
Há uns 10 anos, o Inspiramais usa a metodologia da pirâmide de conceitos para o desenvolvimento de produtos. Nos bastidores, muita gente (do design, da moda) questiona essa estrutura, por ser generalista, repetitiva. Mas, na falta de uma melhor – tão popular, acessível e com boas referências – é essa forma de compreender as tendências que apresentamos a seguir.
Particularmente, desde 2008 eu ia nas palestras do Inspiramais como ouvinte, em Belo Horizonte, Nova Serrana e São Paulo. Então, fui observando algumas mudanças da forma de oferecer o conteúdo, antes com materiais gratuitos, e hoje com informação paga. Desta vez, por estar no exterior, pedi a minha ex-aluna de Engenharia de Produção, a Fátima Regina Sales, para participar no Minas Trend (outubro 2019), fotografar e contar como foi, como forma de experimentar/vivenciar conteúdos que pesquisamos. Durante 2019, ela fez um projeto de Iniciação Científica comigo e, recentemente, escrevemos o artigo “Serviços de engenharia para empresas de vestuário e calçados de Belo Horizonte: estudo de caso de website de consultoria” (ainda em análise para ser publicado, em breve o link aqui).
Introdução à pirâmide de desenvolvimento de produto do Inspiramais
Na palestra do Minas Trend de outubro de 2019, foram falados em três conceitos centrais, que apresento a seguir com alguns conhecimentos de Engenharia do Produto:
- Zen – o topo da pirâmide – 10% da coleção – é o produto “vitrine”, nem sempre dá lucro, costuma ter inovação, confere posicionamento de vanguarda no mercado, gera desejo, pode ser a roupa da passarela, pode ser para uma classe A, é o produto que vai para o editorial da revista, para a foto do conceito da coleção;
- Play – o meio da pirâmide – 30% da coleção – é o produto da moda, com maior fatia de lucro, com mais misturas de processos e materiais, pode ser para uma classe média;
- Alquimia – a base da pirâmide – 60% da coleção – é o produto que paga as contas da empresa, fácil e rápido de produzir, com materiais acessíveis e fornecedores de confiança, é aquilo que já funciona, pode ser para uma classe média baixa.
Essa noção de classe social pelo poder econômico é muito defasada, nós sabemos, pois o que conduz a compra tem sido o desejo por um estilo de vida, o pertencimento a um grupo específico. Há rico low profile, há “pobre metido à rico”, e todos os tons de cinza entre o preto e o branco de todo conceito puro. Mas, para fins de relacionar uma divisão da coleção com a complexidade produtiva e faturamento, fica mais fácil usar as categorias de classes socioeconômicas, isto é, o poder aquisitivo de cada faixa de mercado… embora agente saiba que, na prática, isso é muito fluído pelas categorias de estilo de vida e de capital cultural.
Inspirações e tendências de moda para 2021
A gente vai apresentar cada conceito a seguir, enfatizando o segundo, por ser mais criativo, por permitir mais explorações no projeto de produto, e mais lucrativo (em teoria!).
(1) ZEN
10% – Inovação e pesquisa: estabelece valor para os produtos.
A ideia de “moda atemporal”, foco no caimento, nas modelagens clássicas. Suavidade, delicadeza. Contemplação. Estar presente. Meditação.
(2) PLAY
30% – Estratégia, planejamento, processos: estabelecem assertividade aos produtos.
O lúdico e o divertido ganham cada vez mais força, na visão de designers e marcas. O consumidor mais reticente de consumir, precisa ser estimulado e encantado com roupas, calçados e acessórios. Até a casa, através dos objetos e mobiliário, incorporam esse mood.
Pensar em “Reconfiguração”:
- reconfiguração da forma
- xadrez clássico
- dobradura
- papel
Pensar em “Referências aleatórias”:
- colagem
- urbano
- xadrez disruptivo
- animal print
Pensar em “Expressionismo”:
- plissado
- degradê
- marmorizado
- tie-dye
- pincelada
(3) ALQUIMIA
60% – know-how da empresa, segurança na produção, estabelecimento de preços e competitividade nos produtos.
Integração de tecnologia com natureza, foco mais nos materiais que na modelagem. Busca pela sustentabilidade. (Achei um tanto utópico, neste momento no Brasil, trazer a abordagem de sustentabilidade para o conceito mais plural. Como isso seria operado, na prática? Os materiais são mais caros…).
Cartela de cores de moda 2021
Essa proposta de cores para os produtos de moda de 2021 é uma orientação apenas. Lembrar que um mesmo produto deve ter em torno de três cores, duas mais básicas e uma mais “fashion”. Mas essas regras (e as cores) dependem do perfil da empresa e do público.
O maior mérito dos conhecimentos aqui apresentados é servirem como um balizador para as escolhas conceituais (o que inclui cores, texturas, materiais, tecnologias, processos) para cada empresa.
Saiba mais:
- Inspiramais: Único salão de design e inovação de materiais da América Latina
- Assintecal: Inscrição em palestras nos polos de moda do Brasil
- Destrinchando: Minas Trend, em Belo Horizonte, a maior feira de moda do país
