COOPFLORA: Tecido da Floresta de Rondônia
Tecido de algodão com camadas de látex de seringueiras nativas, também chamado de “couro vegetal”, às vezes defumado, às vezes secado ao sol, se apresenta como tecnologia social capaz de melhorar a renda de trabalhadores rurais na floresta Amazônica
A moda que vem de Rondônia
Transformar o látex da seringueira em tecido. Esse foi o maior desafio das comunidades de seringueiros da região de Machadinho D’Oeste, cidade a 450km ao sul de Porto Velho.
O tecido da floresta vem ingressando como uma alternativa inovadora no mercado de confecções, calçados e acessórios. Sua matéria-prima é o látex extraído das seringueiras nativas de reservas ecológicas.
Antes da criação do Tecido da Floresta, o látex er somente um produto do extrativismo vegetal a ser beneficiado pelas indústria de borracha, calçados e pneus. Com a queda do preço da borracha, boa parte das famílias residentes em áreas de extrativismo buscaram outras alternativas como fonte de renda.
Hoje, com o Tecido da Floresta, houve uma crescente retomada do extrativismo, envolvendo várias famílias, tanto na extração do látex como na preparação e confecção de roupas, calçados e acessórios.
Com o apoio do SEBRAE e da OSR (Organização dos Seringueiros de Rondônia),essas famílias de seringueiros estão conhecendo outra realidade – a de poder produzir e comercializar produtos criados através do trabalho comunitário. Paralelamente à produção que vem crescendo nos últimos anos, os seringueiros envolvidos estão sendo capacitados para melhorar a técnica desenvolvida na confecção do tecido. Graçasà aplicação dessas tecnologias, velhos seringueiros, que antes extríam o materil para fabricação da borracha, que nas primeiras décadas do século passado er um importante elemento na economia nacional, hoje vêem no Tecido da Floresta uma nova e promissora fonte de renda para a economia local.
Seringueira
Planta nativa da Amazônia que cresceu naturalmente nas florestas de várzea ou terra firme. Desde há muito tempo o látex da seringueira já era conhecido e utilizado pelas populações indígenas na fabricação de seus utensílios.
Tecido da Floresta
Produto artesanal com desenvolvimento integral de matéria-prima, seu processo de criação é bem simples: misturando-se do látex com a química apropriada, obtém-se um novo produto líquido, que aplicado a um tecido torna-se o Tecido da Floresta, podendo sua vulcanização ser preparada através de defumação ou estufa.
Capacitar para produzir melhor
Com o objetivo de oferecer ao mercado de confecção produtos melhor acabados e em condições de conquistar uma fatia maior do mercado, o SEBRAE ofereceu a um grupo de costureiras de Machadinho D’Oeste a oportunidade de cursos de capacitação com estilistas de renome nacional.
Qualidade de vida
Geração de emprego e renda para as comunidades, através da produção auto-sustentável. São iniciativas como essa que têm feito crescer o interesse de setores produtivos e de diversas comunidades para a produção do Tecido da Floresta.
Amostras da COOPFLORA
Catálogo Tecido da Floresta SEBRAE – COOPFLORA
Selva Amazônica, um verdadeiro defile de novas tendências de moda
Produtos feitos com qualidade, responsabilidade sócio-ambiental, preservando o meio-ambiente, resgatando as culturas tradicionais, gerando renda e fixando os povos da floresta na floresta, evitando a migração para os grandes centros. Essas são as características do tecido da floresta.
Feito a partir do látex extraído pelas comunidades de moradores das áreas de preservação ambiental, do município de Machadinho do Oeste, em Rondônia, ele ganhou o mundo devido a qualidade e ajuda a manter em pé um dos maiores tesouros da humanidade: a floresta amazônica.
Mão-de-obra
O tecido da floresta é fabricado por mãos de pessoas que trabalham e vivem da floresta amazônica sem nunca precisarem devastá-la para obter o sustento de suas famílias. São homens que colhem o látex no meio da mata e o transformam, naturalmente, no tecido da floresta. São mulheres, da própria comunidade, que confeccionam os diversos produtos oferecidos pela comunidade. Tudo é feito com a filosofia do ecologicamente correto.
Matéria-prima
Após colher o látex na floresta, o seringueiro fabrica a manta de látex. Depois de uma série de tratamentos, chega-se ao tecido da floresta em diferentes espessuras e cores. Os seringueiros utilizam técnicas de tingimento naturais, com pigmentos extraídos de plantas regionais da própria floresta amazônica. O resultado é um mosaico de cores vivas e atraentes.
Produtos artesanais
Quando você adquire um produto com a marca tecido da floresta, você tem a certeza de estar adquirindo qualidade e contribuindo para a preservação da vida em nosso planeta. Isso porque as bolsas, sapatos, jaquetas, chapéus e bijuterias produzidos pelos seringueiros de Machadinho do Oeste são feitos com produtos da própria floresta sem derrubar uma árvore. Toda a linha é ecologicamente correta.
Tecido da floresta
O trabalho de coleta do látex, para a produção do tecido da floresta, ainda é feito do mesmo modo, desde 1943, quando os primeiros seringueiros chegaram à Amazônia para extrair o látex dos seringais da região. Em Machadinho D’Oeste não é diferente, além de não derrubar a floresta eles garantem a fixação das famílias, evitando a migração para a cidade. O tecido da floresta, além de sua alta qualidade e beleza têm uma importância social,cultural e ambiental muito grande.
Catálogo Tecido da Floresta – Fabric of the Forest – SEBRAE
Contato
Cooperativa dos Extrativistas da Floresta de Rondônia Ltda.
COOPFLORA
Rua Rondônia n. 4053, Centro, bairro União, Machadinho D’Oeste – Rondônia, CEP 76868-000
Telefone: +55 069 8494-6151 / 9270-8309
OU
Av. Getúlio Vargas, 3300, Centro, Machadinho do Oeste / RO, CEP 78948-000
Telefone: +55 069 3581-2854 / 8412-6114
Reproduzo a seguir a página 52 da dissertação:
GARCIA, Edilaine. A aplicação do látex da Hevea Brasiliensis em produtos têxteis sustentáveis, como material alternativo no design de moda. Dissertação em Design de Moda, Universidade da Beira Interior, Portugal, 2012, 139 p.
Tecido da Floresta
O tecido da floresta foi desenvolvido no estado de Rondônia, o chamado coração da Amazônia, considerado aperfeiçoamento do couro vegetal, que segue basicamente o mesmo princípio de aplicação, com melhorias nos químicos e cargas utilizadas. A evolução do processo no final do século XX dá-se devido à intensificação do apoio a projetos de pesquisas da parte do governo e universidades, como o projeto em 1993 no ITN (instituto nacional de tecnologia) junto com o IBAMA no LAPOL (laboratório de polímeros) e SEBRAE. O processo foi difundido pelos seringueiros, com o intuito de melhorar a qualidade do produto, sem monopolizar informações e democratizar o processo de fabrico.
São dezessete RESEX de seringueiros de Machadinho dʹoeste e três no vale do Anári unidos à COOPFLORA. Entre as alterações de patente e aperfeiçoamentos verificadas, encontram-se a utilização do fruto do babaçu (fruto comestível rico em Ácidos graxos e iodo) junto com madeiras específicas, que age como corante na defumação, e também conseguiram diminuir o odor forte do látex com aplicação de óleos florais.
A defumação é considerada ineficiente quanto à impossibilidade de manter um material uniforme devido à temperatura do forno em relação ao vento, a posição do seringueiro com a tela na mão e a distância da boca do tapiri23, e o volume da fumaça. Dado que o calor em excesso acelera o processo de degradação gerando um material macio porem pegajoso ou rígido e quebradiço, há também fatores externos que interferem no processo, como o calor, a luz solar, o oxigénio, humidade do ar e posição do vento. Com estudos de reometria de torque, que determina a relação tempo X temperatura para uma boa vulcanização (entre 60°C à 200°C), foram incorporados no processo fornos elétricos na cooperativa, de modo a proporionar melhor qualidade do tecido e saúde ao seringueiro.
A vulcanização por estufa, torna-o processo semi-industrial e auxilia na padronização do produto. Por se tratar de um procedimento que requer habilidade, apenas cinco pessoas das 38 famílias envolvidas estão atuando no processo, com uma produção média de 120 mantas por mês, com venda destinada a design de moda, principalmente para Holanda e França, e alguns clientes brasileiros como a Grife Maria Bonita, Tropic Concept® e TAYGRA® .
Porém, a oferta ainda é menor que a procura. A produção na floresta encontra a dificuldade de um clima tropical, falta de pessoas treinadas para a fabricação da manta, dificuldade do acesso aos assentados sendo vendida pelo preço médio de 15 euros.