A formação do pilling
O que é pilling? Como são formadas as bolinhas das roupas? Como as roupas dão bolinhas?
O pilling é um importante problema não só para a indústria têxtil e de confecção, mas também para os usuários, pois implica na diminuição da qualidade do tecido e em influência negativa no conforto tátil do usuário (LOHRASBI et al, 2011; JASINSKA, 2009), bem como em uma percepção negativa do aspecto visual da roupa. Verifica-se um aumento do pilling com o aumento do uso, desgaste e lavagem do tecido (CAN, 2008; ESTEVES et al, 2004)
O pilling é um defeito, no qual se observam pequenas “bolas” de fibras ou grupos constituídos por fibras atrelados à superfície do tecido (CAN, 2008). As fibras emaranhadas formando “bolinhas” que estão ligadas aos tecidos são chamadas de pills (JASINSKA, 2009). Daí dizer que “pilling” significa formação de bolinhas na superfície do tecido. A formação de bolinhas, isto é, dos pills, apresenta alguns estágios. ESTEVES et al (2004) falam em três estágios de pilling, enquanto JASINSKA (2009) fala em quatro e LOHRASBI et al (2011) afirmam serem seis estágios que podem ser compreendidos em quatro (FIG. 18).
FIGURA 18 – Estágios da formação de pilling: 1) fibras soltas, 2) emaranhamento solto, 3) “bolinha” (forte emaranhamento), 4) emaranhamento espiralado.
Adaptado de: LOHRASBI et al, 2011, p. 64.
O pilling é gerado pela repetição de forças de fricção de acordo com dois fenômenos combinados: o surgimento de fibras da superfície do tecido e o fortalecimento dos emaranhamentos formados na mesma superfície. O primeiro fenômeno aumenta com o módulo de mistura das fibras e um baixo coeficiente de fricção, enquanto o segundo aumenta quando as fibras apresentam alta resistência à tração e alta recuperação de dobra (LOHRASBI et al, 2011). Para JASINSKA (2009), a tendência ao pilling nos tecidos depende de vários fatores diferentes, que incluem aspectos diversos, tais como fibras, fio, ajuste às máquinas de fiação, tipo de ligamento do tecido e beneficiamentos.
A princípio, o jeans em geral é reconhecido por não formar pilling. Isso se deve aos seguintes fatores: 1) as fibras curtas de algodão se desprendem facilmente do fio, sem formar nós/emaranhamentos; 2) em relação aos tecidos em geral, o jeans é um tecido de alta densidade e, conforme LOHRASBI et al (2011) e VIVEKANADAN et al (2011), o número de pills diminui conforme a densidade do fio aumenta.
Há poucos métodos padronizados para a avaliação da tendência de pilling. Por exemplo, pode-se citar ASTM, AATCC, IWS, BIS, JIS e duas normas ISO, ISO 12945-1:2000 e ISO 12945-2:2000. Esses métodos determinam a categoria de máquinas a serem utilizadas para simular o uso do tecido (JASINSKA, 2009), sendo as mais usadas as seguintes: Martindale Abrasion Tester, ICI Pilling Box, Atlas Random Tumble Pilling Tester, Elastomeric Pad (ESTEVES et al, 2004). Em comum, os métodos determinam cinco gradações da intensidade do pilling, da formação muito severa de pilling (grau 1) à ausência de pilling (grau 5) (JASINSKA, 2009), condições de iluminação e posicionamento das amostras durante a análise.
Referência
Dissertação: DUARTE, Luciana dos Santos. Estudo comparativo do impacto ambiental do jeans CO/PET convencional e de jeans reciclado. Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013, 101 p.
Imagem: https://www.today.com/home/how-stop-clothes-pilling-t131348